Recentemente, eu sai para dar um passeio pelo parque com a minha filha. Era uma tarde ensolarada, o que nem sempre é comum em Lima. O parque estava cheio de crianças de todas as idades correndo para todos os lados e realmente desfrutando da própria liberdade. Eu tirei a minha filha de seu carrinho de bebê e começamos a brincar. De repente, eu notei algo que me deixou intrigada.
Um pai estava acompanhando seu filho que, aparentemente, não tinha mais do que cinco anos de idade. Enquanto o pai permanecia olhando para o seu celular, a criança tentava chamar a sua atenção. Ela o cutucava, corria freneticamente ao seu redor, até que decidiu tentar subir em uma das árvores do parque.
Naquele momento, o pai já estava tão irritado com o comportamento de seu filho que o arrancou à força, apertando as suas mãos, enquanto chamava a criança de estúpida e fazia outros xingamentos do gênero.
Eu fiquei envergonhada pela falta de inteligência emocional desse pai e simplesmente me afastei, levando a minha filha para brincar em outra parte do mesmo parque.
Então, nos sentamos outra vez e eu comecei a observar.
Outro pai estava acompanhando seu filho. Mas, em vez de estar preso em seu celular, ele estava presente. Os dois passaram um bom tempo divertindo-se juntos, fazendo piruetas e jogando com uma bola.
De repente, enquanto a criança chutava a bola na direção de seu pai, ela caiu abruptamente no chão e começou a chorar, aparentemente expressando dor e sentindo-se impotente. O pai rapidamente foi até a criança, a colocou em seus braços e disse em voz carinhosa: “não se preocupe, meu filho, você é forte”.
Em poucos segundos, a criança parou de chorar e, junto ao seu pai, continuaram jogando bola.
Como você provavelmente pode entender, essa criança e a outra mencionada no começo do texto recebem uma educação completamente diferente. Um é criado em um ambiente emocionalmente saudável, envolvido em amor, carinho e encorajamento; enquanto o outro em um ambiente emocionalmente tóxico, recheado de ódio, desrespeito e críticas.
A psicologia descobriu há muito tempo que as palavras que os pais usam enquanto falam com seus filhos influenciam tremendamente no desenvolvimento psicológico das crianças, bem como em seu comportamento e hábitos presentes e futuros.
Como isso acontece
Em primeiro lugar, as crianças desejam ser amadas e queridas por seus pais -– elas desejam isso mais do que tudo.
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A forma como os pais falam com os filhos significa tudo para elas. É por isso que, quando os pais expressam verbalmente que não gostam dos filhos como eles de fato são, por exemplo, as crianças sentem vergonha e ódio delas mesmas.
Quando os pais, conversam com carinho e mostram respeito por seus filhos, os pequenos se sentem bem a respeito deles mesmos, além de sentirem orgulho por quem de fato são. Além disso, os pais são vistos como modelos.
Para as crianças, tudo o que os seus pais dizem é certo.
As crianças acreditam no que os pais falam e pensam; elas aceitam isso como verdade absoluta, sem questionamentos, e é justamente essa verdade que molda a sua visão do mundo, incluindo a visão que elas têm delas mesmas.
Se, por exemplo, um pai chamar seu filho de idiota, existe uma chance enorme da criança realmente acreditar que é idiota e, mais para frente, começar a agir como tal.
Entretanto, se o pai diz ao seu filho que ele é forte, como no caso do pai que estava jogando futebol com o seu filho, existem grandes chances do menino acreditar que é forte e começar a se comportar como uma pessoa forte.
O poder do exemplo
Mas não são somente as palavras dos pais que moldam a mente das crianças. Ainda mais importante do que as palavras, o comportamento geral e as atitudes dos pais se fazem presentes.
Mais do que qualquer outra coisa, as crianças aprendem com o exemplo.
Se os pais de uma criança estão sendo preocupados, com medo e estressados, a criança pode se tornar um adulto inseguro, ansioso e neurótico. Se os pais são confiantes, aguentam firme os períodos difíceis e são positivos, é provável que seus filhos cresçam e desenvolva uma personalidade otimista, corajosa e sem medo de enfrentar os desafios da vida adulta.
O que tudo isso significa
Isso significa que, na maioria dos casos, a melhor maneira para os pais ensinarem qualquer coisa aos seus filhos é incorporando o que eles estão tentando ensinar.
Muitas vezes, os pais dão às crianças conselhos que eles próprios não aplicam em suas vidas.
“Não fume, faz mal à saúde” — alguns pais dizem isso enquanto seguram um cigarro aceso em suas mãos. Ou, então, eles dizem “Pare de brigar com seus irmãos”, enquanto usam a punição física como castigo pelo comportamento inadequado dos filhos.
O resultado?
As crianças recebem mensagens conflitantes em relação às ações e às palavras proferidas — e as ações sempre falam mais alto que as palavras. As crianças chegam às suas próprias conclusões a partir do que já foi mostrado a elas.
Lembre disto:
Uma criança é como uma esponja, que absorve inconscientemente tudo aquilo que está a sua volta, nos ambientes em que vive. Essa metáfora continuará sendo usada porque os pais fazem parte do principal ambiente dos seus filhos — sua própria condição psicológica é o que a condição psicológica de seus filhos irá absorver.
Se os pais não são emocionalmente saudáveis, eles falham na missão de criar filhos emocionalmente saudáveis -– os problemas emocionais que eles sofrem serão inevitavelmente transferidos para os filhos.
Portanto, somente quando os pais souberem lidar com as suas próprias dificuldades emocionais e superar seus próprios problemas psicológicos, conseguirão criar um ambiente positivo para o desenvolvimento infantil –- isto é, um ambiente que faz com que as crianças sintam carinho, segurança, amor e apoio pela forma que são em sua essência.
Apenas assim as crianças serão capazes de desenvolverem-se como a melhor versão de si mesmas.
Quais são as suas experiências que poderiam ser trazidas para essa discussão? Comente abaixo!
Ótima reflexão Thaís. Pequenos detalhes neste caso fazem toda diferença na construção da personalidade e do caráter. As vezes me pego pensando em quantas vezes cometo erros sem intenção e como eles seriam absorvidos na vida de um filho. É o desafio de ser melhor para ajudar a construir seres humanos melhores. 🙏
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Belas palavras, Monique! ❤
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